segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quem está no comando, você ou o seu blog?

Se você, leitor, criou um blog recentemente, com certeza está entusiasmado e posta pelo menos uma vez por dia; saiba que os “experts” são unânimes em dizer que blogar é uma tarefa de longo prazo. É claro que há exceções, mas o número de visitas costuma ser baixo nos primeiros tempos e aumenta progressivamente, na medida em que seu blog for se destacando na blogosfera pelo conteúdo original e de valor que ele apresenta.

Uma pesquisa do Technorati, finalizada em 2007, informa que havia naquele ano 70 milhões de blogs e que 120 mil novos blogs eram criados a cada dia em todo o mundo. Uma pesquisa realizada no ano anterior (2006) detectou a criação de cerca de 100 mil blogs por dia, que receberam por volta de 55 mil postagens por hora. Não consegui encontrar rapidamente pesquisas mais atualizadas e, na escassez de tempo, vou ficando com essas, que são um tanto antigas porém significativas.

Ainda segundo o Technorati, apenas cerca de sete milhões dos 133 milhões de blogs indexados pelo sistema (isso em 2007) são atualizados regularmente. Ademais, apenas cerca de 100.000 blogs (menos de 10%) geram considerável número de visitas. A maioria dos blogs dura no máximo 30 dias, já que, como eu escrevi acima, no começo de suas criações, seus autores se dedicam ao máximo no blog e depois acabam abandonando o mesmo, porque o entusiasmo inicial e o elevado volume de postagens não atraem de imediato uma quantidade significativa de leitores.

Quando criamos um blog, nós o fazemos por vários motivos, da simples vontade de escrever ao desejo de ganhar dinheiro com o blog e, quem sabe, um dia tornar-se um blogueiro profissional. Seja como for, não faz muito sentido escrever algo que ninguém vai ler. É aí que mora o perigo. Caso você, leitor, tenha uma tendência à compulsão, você ficará tentado a consultar frequentemente as estatísticas de seu blog. Dependendo do grau de compulsão, esse hábito pode passar dos limites e prejudicar suas outras tarefas cotidianas. Isso sem falar naqueles dias em que acordamos totalmente sem inspiração para escrever. Nesses dias, um blogueiro compulsivo tanto pode produzir um post de baixa qualidade quanto se sentir tentado a plagiar material alheio, duas práticas que eu condeno com veemência.

Você, caro leitor, deve estar sempre no comando de seu blog. Aproveite os momentos em que a inspiração vem caudalosa e escreva não um, mas dois ou mais posts. Publique apenas o primeiro e guarde os demais para os dias em que a inspiração não vem. Quanto a checar as estatísticas de seu blog, penso que três ou quatro vezes por dia constituem uma freqüência aceitável. Mais do que isso já é compulsão. Escreva por prazer e não por obrigação. Se você realmente tiver talento, as visitas virão com o tempo. Seja paciente e encare seu blog como um hobby intelectual, que seja uma fonte de prazer e não de preocupação.

Agora que você sabe que, para ingressar no rol dos 10% dos blogueiros que recebem um grande número de visitas, você precisa de talento e persistência, que tal nos contar sua experiência e suas expectativas na blogosfera?

Sérgio

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Efeitos do vulcanismo no clima terrestre

As erupções vulcânicas podem alterar o clima da Terra por intervalos de tempo pequenos ou longos, dependendo da sua intensidade. Por exemplo, a temperatura média global caiu cerca de um grau Celsius por cerca de dois anos após a erupção do Monte Pinatubo em 1991, e temperaturas muito frias causaram perdas de colheitas e fome na América do Norte e Europa durante cerca de dois anos após a erupção do Tambora, em 1815.

Alguns vulcanólogos acreditam que a persistência de um clima ameno na Terra ao longo de milhões de anos é mantida pela recorrência do vulcanismo.

Os vulcões afetam o clima por meio de gases e partículas de poeira lançadas na atmosfera durante as erupções. Os gases vulcânicos e poeira podem aquecer ou resfriar a superfície da Terra, dependendo de como a energia solar radiante interage com o material vulcânico.

A poeira vulcânica resultante de um vulcanismo do tipo explosivo provoca resfriamento temporário. A intensidade e duração do resfriamento depende da quantidade de poeira vulcânica lançada na atmosfera, e também do diâmetro das partículas. Partículas do tamanho de grãos de areia caem do céu em questão de alguns minutos e concentram-se no solo das regiões mais próximas ao vulcão. Tais partículas têm pouco efeito sobre o clima.

Nuvens de cinzas vulcânicas, formadas pela poeira lançada na baixa atmosfera, flutuarão no ar por horas ou dias, causando escuridão e frio diretamente sob elas; entretanto, essas partículas são rapidamente retiradas do ar pela água da chuva nas partes mais baixas e úmidas da atmosfera. No entanto, a poeira vulcânica que atinge a parte superior da atmosfera, a estratosfera, que é mais seca, pode permanecer em suspensão por semanas ou meses antes de finalmente se dissipar. Estas partículas bloqueiam a energia solar e causam resfriamento ao longo de grandes áreas da Terra. A extensão e duração deste resfriamento vai depender da intensidade da erupção vulcânica, a qual por sua vez controlará a quantidade de material ejetado na estratosfera.

Vulcões que liberam grandes quantidades de compostos sulfúricos, tais como o óxido e o dióxido de enxofre afetam o clima de forma mais acentuada do que aqueles que ejetam apenas poeira. Os compostos de enxofre são gases mais leves, que sobem facilmente para a estratosfera. Chegando lá, eles se combinam quimicamente com a pequena quantidade de água disponível para formar uma névoa composta por gotículas de ácido sulfúrico. Essas gotículas minúsculas são muito leves e refletem uma grande quantidade de luz solar de volta para o espaço.

Embora as gotículas de ácido sulfúrico eventualmente atinjam um tamanho suficiente para cair sobre a terra, a estratosfera é tão seca que pode demorar meses ou até anos para que isso aconteça. Consequentemente, neblinas constituídas de gotículas de compostos de enxofre, pelo seu poder de refletir a energia solar radiante, podem causar um resfriamento significativo da Terra, o qual pode durar até cerca de dois anos após uma grande erupção. Acredita-se que tais névoas sulfúricas constituíram a principal causa do resfriamento global que ocorreu após a erupção dos vulcões Pinatubo e Tambora. Durante alguns meses, um satélite rastreou a nuvem de compostos de enxofre produzido pelo vulcão Pinatubo. A imagem produzidas por esse satélite mostram a nuvem formando uma faixa contínua de neblina, que cobria todo o Globo Terrestre, cerca de três meses após a erupção .

Os vulcões também liberam grandes quantidades de água e dióxido de carbono. Quando estas duas substâncias químicas estão em fase gasosa na atmosfera, eles absorvem a radiação térmica (infravermelha) emitida pela superfície da Terra e mantém o calor na atmosfera. Como consequência deste fenômeno, o ar das partes mais baixas da atmosfera fica mais quente. Portanto, poderíamos, a princípio, pensar que uma grande erupção poderia causar um aquecimento temporário da atmosfera, ao invés de um resfriamento. No entanto, já existem normalmente grandes quantidades de vapor d’ água e de dióxido de carbono na atmosfera, e até mesmo uma grande erupção não alteraria muito as temperaturas globais através deste mecanismo.

Além disso, a água geralmente se condensa sob a forma de chuva em intervalos de tempo que variam entre poucas horas a alguns dias, e o dióxido de carbono se dissolve rapidamente no oceano ou é absorvido pelo processo de fotossíntese dos vegetais. Conseqüentemente, são os compostos de enxofre os que têm um maior efeito de curto prazo na promoção do resfriamento da Terra.

No entanto, durante longos períodos de tempo (milhares ou milhões de anos), várias erupções de gigantescos vulcões do tipo fissural, como aqueles que formaram as chamadas “grandes províncias vulcânicas”, podem aumentar os níveis de dióxido de carbono até um montante suficiente para causar um aquecimento global significativo.

Sérgio Oreiro, D. Sc.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Nós, humanos, somos animais carnívoros, herbívoros ou onívaros?

Provavelmente você já sabe que animais carnívoros são aqueles que se alimentam predominantemente de tecidos animais e os herbívoros, de plantas ou de algas vivas, inteiras ou apenas algumas partes. Entretanto, há animais que obtêm o alimento de ambas as fontes (animal e vegetal) e, desta forma, são classificados como onívoros. Por exemplo, algumas espécies de ursos têm, como parte de sua dieta, animais de pequeno porte, larvas, folhas e até mel. O lobo guará também adota esse hábito sendo, inclusive, responsável pela dispersão das sementes de uma planta que, por este motivo, é popularmente conhecida por lobeira. Ema, jabuti, girino, porco, sagui, e algumas espécies de peixes, crustáceos e besouros, são outros exemplos de animais onívoros.

O ser humano é considerado, também, onívoro, embora muitos acreditem que o hábito de comer carne esteja mais ligado a uma questão cultural, já que nosso sistema digestivo é mais semelhante ao de herbívoros (capacidade estomacal menor e acidez maior; intestino longo, dentes caninos de tamanho menor, saliva com enzimas digestivas, dentre outras características). Entretanto, sabe-se também, por exemplo, que a variedade da flora intestinal de nossa espécie é semelhante à de onívoros, mesmo no caso de pessoas vegetarianas (aquelas que não se alimentam de carne). Além do mais, os animais vegetarianos podem digerir a celulose, que é um carboidrato complexo, e nós, humanos, não podemos digerir a celulose, a qual, entretanto, possui uma função alimentar importantíssima: ela constitui as fibras, essenciais para o bom funcionamento de nosso intestino e para nossa saúde como um todo.

Os onívoros possuem músculos faciais reduzidos; dentes incisivos curtos, caninos longos e curvos, e molares agudos ou chatos; geralmente engolem a comida por inteiro; não possuem enzimas digestivas na saliva; o pH estomacal é menor ou igual a 1; o intestino delgado é curto; a urina é bastante concentrada e as unhas são afiadas. Em resumo, se formos comparar nossas características anatômicas com as dos animais herbívoros e carnívoros, veremos que somos mais semelhantes aos herbívoros. Entretanto, pesquisas recentes comprovaram que nossos descendentes mais primitivos, ao migrarem para a Europa em plena Idade do Gelo, há cerca de 15.000 anos atrás, só podiam se alimentar de carne, uma vez que as fontes alimentares de origem vegetal eram paupérrimas devido ao clima polar característico daquela época.

Eu, pessoalmente, após estudar esse assunto à exaustão, resolvi, há muitos anos atrás, adotar uma dieta onívora, na qual apenas cerca de 10% de meus alimentos são de origem animal (ovos e carnes); eliminei o leite da dieta porque minhas pesquisas me convenceram de que o leite é um alimento que a mãe natureza produziu apenas para bebês, sejam eles humanos ou não. Felizmente, tenho gozado de boa saúde física e mental com esse tipo de regime alimentar. E você leitor, em qual das três categorias você se enquadra?

Sérgio

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Estamos presenciando um aquecimento ou um desaquecimento global?

Como geólogo, eu gostaria de enfatizar que não sou "isento" a respeito da politização/radicalização do ambientalismo; ao contrário, eu tomo claramente o partido da busca da verdade orientada pela ciência, e não por qualquer tipo de ideologia.

Mas, de onde vem a oscilação climática entre o extremo frio e o calor ameno, propício ao desenvolvimento humano? Ainda no começo do século XX, um astrofísico sérvio chamado Milutin Milankovitch descobriu que a oscilação climática decorria de pequenas alterações periódicas na órbita da Terra em torno do Sol. Essas alterações produzem mudanças na incidência dos raios de sol em latitudes diversas e em várias e seguidas estações do ano. Milankovitch predisse que os mais fortes efeitos do fenômeno ocorreriam a intervalos de 19, 23, 41 e 100 milhares de anos.

A propósito das variações de temperatura atmosférica, a influência humana sobre elas, sem dúvida, existe; o problema é a escala. Os impactos locais e até regionais são sobejamente conhecidos - urbanização, ilhas de calor, mudança de padrões de vegetação, etc. Mas, a despeito de toda a celeuma, não há qualquer evidência sólida que permita concluir que a alta de temperaturas médias do planeta verificada nos últimos 150 anos, de 0,6-0,8 graus centígrados, se deva à ação humana. Muito provavelmente, trata-se de uma mera recuperação da Pequena Idade do Gelo que marcou os dois séculos precedentes. Esta última começou no século XVI e durou cerca de 3 séculos na Europa, atingindo o seu pico no ano de 1750.

Ao longo da maior parte da história geológica do planeta, as concentrações de CO2 foram bem maiores que as atuais, e nem sempre houve correlações das mesmas com as temperaturas globais. Assim, o que eu questiono, assim como outros (poucos) geocientistas, é a ultra-simplificação do fenômeno para atribuí-lo às emissões de gases de efeito estufa.

A mudança dos níveis oceânicos (eustasia) é conseqüência da glácio-eustasia (variações de volume de água do mar devido às glaciações), que, por sua vez, advém da variação climática; da tectono-eustasia (variações de volume das bacias oceânicas) e da eustasia geoidal (variações nos níveis oceânicos por ondulações no geóide). As movimentações na crosta terrestre (deformações das massas continentais) podem fazer com que, em algumas regiões, o nível do mar fique mais alto do que em outras, seja pela elevação da crosta terrestre (formação de montanhas) ou pelo abatimento de blocos continentais.

Quanto às recordações de pessoas mais velhas, elas não constituem bons indicadores de tendências climáticas bem definidas. As mudanças climáticas em escala planetária e de longo prazo só podem ser percebidas com o auxílio da História, pois dentro de cada ciclo climático ocorrem altos e baixos de todos os parâmetros relevantes para a nossa percepção - temperatura, umidade, correntes aéreas e marítimas, etc.

Os anos de 1990 e 2000 foram caracterizados por uma aceleração na taxa de aquecimento médio da Terra – isso é fato comprovado por medições científicas. A temperatura de nosso planeta tem aumentado lenta e progressivamente após a revolução industrial e a introdução, em larga escala, dos combustíveis fósseis nos processos de produção. Entretanto, como saber se essa tendência é duradoura ou faz parte de um evento cíclico? As próximas décadas nos dirão. É certo quer nosso planeta tem passado por eras glaciais periódicas, causadas por suas variações orbitais; A dinâmica climática é controlada por três categorias de fatores: astronômicos, atmosféricos e tectônicos. As causas específicas ainda não estão bem compreendidas, mas já se conhece a periodicidade dos ciclos, da ordem de centenas, milhares e milhões de anos. Informações obtidas da análise de sedimentos profundos e testemunhos de sondagens no gelo polar indicam que os períodos interglaciais são da ordem de 15 mil a 20 mil anos. Vivemos, pois, um desses períodos. Na última era, que finalizou há cerca de 12 mil anos, uma ponte natural se estabeleceu entre o Alasca e a Sibéria e partes das plataformas continentais sofreram exposição subaérea. Prova disso são os mapas de batimetria por satélite, que mostram cânions e cursos fluviais agora submersos. Somos também sujeitos às erupções de supervulcões, que lançam partículas atmosféricas, as quais já causaram e com certeza voltarão a causar pequenas eras glaciais com décadas ou séculos de duração. Estudos genéticos, lingüísticos e geológicos demonstraram que nossa espécie foi reduzida a alguns poucos indivíduos há cerca de 70 mil anos, devido ao longo e intenso inverno que se seguiu à erupção do supervulcão Toba, na Oceania. Isso explica a relativa homogeneidade genética da humanidade atual e exemplifica apenas um dos fatores que podem barrar o aumento sistemático das temperaturas da Terra.

Como já foi dito, estamos num período interglacial, de temperaturas relativamente elevadas e nível do mar relativamente alto. Não creio que a influência do homem possa impedir que, mais cedo do que supomos, nosso planeta experimente uma nova era glacial. As variações orbitais da Terra são muito mais importantes que qualquer influência do ser humano no clima global.

As amostras de gelo e de sedimentos oceânicos, o registro geológico, e os estudos de plantas e de antigas populações de animais demonstram um padrão cíclico regular de máximos de eras glaciais que duram cerca de 100.000 anos cada uma, separados por intervalos de aquecimento relativo, os interglaciais, cada um durando cerca de 12.000 anos. Vimos que a presente era interglacial, em cuja última metade nossa civilização se desenvolveu, já persiste por 12.000 anos. Modernas pesquisas, levadas a efeito nos anos mais recentes por grupos de cientistas europeus e americanos, confirmaram as teses e os ciclos anunciados por Milankovitch, e forneceram ainda novos pormenores, julgados por eles ainda mais alarmantes. Não só o fim da fase interglacial está próximo, mas a passagem de uma a outra fase do ciclo não é lenta ou gradual, não é "incremental", como se supunha, mas é, ao contrário, violenta e brusca, marcada por oscilações rápidas e potencialmente destruidoras (e ainda mal explicadas) da temperatura terrestre. Em outras palavras: a passagem de um ciclo a outro é cataclísmica, marcada por inundações, secas, fortíssimas tempestades, tufões e desastres diversos, provocados por oscilações da temperatura média que podem alcançar 15 ou 20 graus em poucas décadas, às vezes em períodos ainda mais curtos.

Em síntese, pela ciclicidade natural dos eventos descritos neste breve texto, é mais apropriado, em minha opinião, que nos preparemos para o início de uma nova era glacial e não para um intenso e prolongado aquecimento climático.


Sérgio Oreiro, D. Sc.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A erupção do Vesúvio de 79 AC

A erupção do monte Vesúvio, situado na antiga Campânia romana, teve um forte impacto na história da humanidade, pois causou uma grande destruição numa área próspera que continha as importantes cidades de Pompéia, Herculano, Oplonti e Stabia.

O evento catastrófico ocorrido em 79 AC foi precedido por tremores de terra, aos quais não foi dada a devida importância devido ao fato de que terremotos são comuns na região, e os romanos nunca haviam presenciado uma erupção do Vesúvio, pois a ciclicidade das erupções desse vulcão é de cerca de 2000 anos, e a cidade de Roma foi fundada no século VIII AC.

A erupção teve início com uma intensa dispersão de púmice proveniente de uma elevada coluna eruptiva; a segunda parte da erupção foi composta por fluxos piroclásticos que causaram grande mortandade, tanto por traumatismo físico oriundo do fluxo propriamente dito e do desabamento de residências, quanto pela asfixia, causada pela inalação, pelas pessoas e animais, de cinzas vulcânicas e gases tóxicos.

As principais fases da erupção foram descritas por Plínio, o jovem, que as observou do cabo de Misenum, antigo porto militar romano, distante cerca de 21 km do vulcão. Seu tio, Plínio, o velho, que já havia escrito um tratado de história natural no qual não havia reconhecido o monte Vesúvio como sendo um vulcão, partiu com sua frota naval em socorro das vítimas que haviam se refugiado no litoral, mas morreu antes de alcançá-las, na baía de Stabia. As descrições de Plínio, o jovem, são plenamente compatíveis com os estudos modernos efetuados na região, e podem ser consideradas como o nascimento da vulcanologia.

As ruínas de Pompéia foram descobertas no final do século XVI. As escavações, que representaram o começo da arqueologia moderna, iniciaram-se em 1709, em Herculano, e em 1748, em Pompéia. Em meados do século XIX, as escavações se intensificaram, mas os trabalhos arqueológicos foram interrompidos pela segunda guerra mundial. Em Estábia, as pesquisas se reiniciaram em 1949. Muitos edifícios de dessas cidades conservaram-se em perfeito estado, assim como os corpos das vítimas desse evento catastrófico, que conservaram as posições em que estavam quando foram mortos, totalmente envolvidos pelo material vulcânico ardente que os envolveu. O material orgânico foi totalmente destruído, mas os corpos deixaram seus moldes na cinza vulcânica petrificada, moldes esses que foram preenchidos por gesso pelos arqueólogos.

A foto acima, publicada no site http://viagemehistoria.com/pompeia-italia-vulcao-vesuvio/, mostra um dos moldes de corpos humanos preenchidos por gesso, que revelam detalhes fantásticos, como a posição em que a pessoa estava ao morrer e até mesmo as dobras da roupa que ela usava.

Sérgio

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Faz mal misturar remédios com álcool?

O assunto é polêmico até entre os médicos. Isso porque as conseqüências dessas interações dependem de vários fatores, como a composição do medicamento, o organismo de cada pessoa (a famosa “individualidade bioquímica”) e o número de copos que ela está acostumada a consumir. A definição de consumo moderado de álcool é complicada ; na maioria das vezes, o paciente estabelece como “moderado” um padrão acima daquele que seria razoável para ele. Assim, a maioria dos médicos aconselha a evitar totalmente o álcool. Na dúvida, é melhor obedecer.

Quando uma pessoa bebe, ela metaboliza o etanol (nome químico do álcool comum) usando enzimas que o fígado produz. Só que essas enzimas também servem para metabolizar muitos dos medicamentos ingeridos. Se a pessoa tomar um remédio durante uma bebedeira, o fígado poderá ficar sobrecarregado e não funcionar a contento. Assim, o efeito do medicamento é reduzido ou até anulado. Para piorar, isso também sobrecarrega o fígado.

Muitos medicamentos também são eliminados pela urina. O álcool e o excesso de líquidos – dois elementos-chave de uma cervejada, por exemplo – têm efeito diurético e, portanto, podem acelerar a excreção dessas substâncias.

O risco maior é quando álcool e remédio interagem no organismo. O maior risco é oferecido pelas drogas usadas para tratar problemas neurológicos e psiquiátricos. O álcool potencializa o efeito delas, em vez de anulá-lo. Vejamos abaixo algumas possíveis interações:

Antibióticos: Usados para tratar doenças infecciosas.

Mistura: O álcool diminui a atividade do remédio e pode piorar a doença infecciosa. Em alguns casos, a bactéria pode se tornar resistente ao antibiótico. Além disso, existe a possibilidade de ocorrência de náusea, vômito, dor de cabeça e, em casos graves, convulsão, dependendo da quantidade da bebida e/ou da potência do antibiótico.

Antidepressivos: Usados no tratamento de depressão.

Mistura: Com o álcool, o efeito do sedativo é maior, deixando a pessoa inabilitada para conduzir um veículo, por exemplo. Em alguns casos, a mistura pode aumentar a pressão sanguínea. Caso o indivíduo beba grandes quantidades de álcool durante um tratamento com antidepressivo, no dia seguinte, durante a ressaca, a depressão pode voltar com toda a força.

Insulina: Ajuda a diminuir o nível de açúcar em pacientes com diabetes.

Mistura: Produz hipoglicemia, podendo cortar por completo o efeito da insulina e causar náusea e dores de cabeça.

Tylenol (paracetamol): Analgésico, usado para aliviar dores, principalmente dor de cabeça.

Mistura: Pode, nos casos mais graves, danificar o fígado (tanto a droga quanto o álcool são metabolizados lá). A mistura com a Aspirina (ácido acetilsalicílico), outro analgésico bastante popular, pode causar gastrites e, em casos extremos, hemorragia estomacal. Daí a regra de ouro: jamais de deve usar Tylenol (paracetamol) para curar a dor de cabeça da ressaca!

De posse dessas informações, concluímos que, para tornar o tratamento de uma doença ou mal-estar mais eficiente (sejam eles quais forem), o melhor é não beber durante o mesmo. Afinal, quem não consegue ficar alguns dias sem beber pode estar sofrendo de outra doença - o alcoolismo! Mas esse é assunto para uma futura postagem.

Sérgio

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A neve no Sul do Brasil


A queda de neve num país eminentemente tropical sempre atrai a atenção da mídia e levas de turistas para as áreas onde esse fenômeno ocorre. Schmitz (2007) elaborou um estudo detalhado sobre o tema, utilizando a base de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) nos estados do RS e SC (entre os anos de 1961 e 1990). Segundo ele, o período de ocorrência de neve estende-se de maio até setembro, sendo caracterizado pela maior atuação da massa de ar polar marítima. O mês de julho concentrou, no período acima, 40% dos dias de neve na maioria das estações analisadas pelo autor. As maiores médias anuais de dias com neve estão concentradas nas áreas com altitudes acima de 600 m, sendo os municípios de Cambará do Sul e São Joaquim os de maiores médias anuais (respectivamente 1,8 e 2,7 dias por ano). Ainda segundo Schmitz (2008), as nevadas mais relevantes, no período por ele estudado, ocorreram nos anos de 1965, 1975, 1998 e 1990, sendo que os dois últimos somaram 20 dias de ocorrência do fenômeno.

Para mais informações, consultar Schmitz, C. M. (2007) – A precipitação de neve no Brasil Meridional. Dissertação de mestrado, UFRGS, 67 p.

Imagem: praça em São Joaquim. Crédito da Imagem: www.ultimossegundo.ig.com.br. Clicar na foto para ampliar.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Nós, brasileiros, devemos conhecer o pau-brasil

O pau-brasil é uma árvore nativa das porções da Mata Atlântica que ficam mais próximas ao litoral de nosso país, o qual deve a ela seu nome. Segundo Giacometti (1987), trata-se de uma árvore de grande porte porém de crescimento muito lento. Sua textura é pesada e o referido autor a classifica como uma árvore ornamental florífera. Sua folhagem possui alto valor decorativo, graças às suas folhas de cor verde intensa e brilhante; é uma árvore muito ramificada, caracterizando-se por seu tronco espinhoso.

O nome de nossa nação provém dessa árvore, que era intensamente comercializada e disputada entre portugueses, holandeses e franceses nas épocas coloniais, pois do seu caule se extraía um corante vermelho que servia para tingir tecidos e fabricar tintas de escrever.

O pau-brasil floresce na primavera, ficando coberto de flores de cor amarelo-ouro com uma suave mancha rubra central. Sua ocorrência original vai da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, até a Ponta de Touros, no extremo nordeste do litoral do Rio Grande do Norte; sua raiz é profunda, podendo ser plantado junto a edificações. Esta árvore é característica dos terrenos costeiros areno-argilosos, onde a água da chuva infiltra-se profundamente; daí a presença de espinhos no caule, elemento comum das plantas de clima seco, e sua raiz profunda, que serve para captar a água do solo nos meses em que a chuva é mais escassa.

Quando eu residi em Natal, de 1987 a 1994, plantei um pau-brasil; visitei-o no ano retrasado e fiquei feliz ao ver que ele já havia alcançado aproximadamente a metade de sua altura máxima.

O corte do Pau-Brasil, atualmente, é proibido pala Lei nº 6607, de 07/12/1978.

O plantio do pau-brasil deve ser incentivado, pois, além de sua importância histórica para nosso país, trata-se de uma árvore ornamental de grande beleza. Tais qualidades são mais do que suficientes para suplantar a lentidão de seu crescimento, fator que não é bem visto pelos proprietários particulares de jardins.

Referência citada: Fonte citada: Giacometti, D.C. - Jardim, horta e pomar na casa de campo. São Paulo, Ed. Nobel, 1983.

Foto: pau-brasil de tenra idade, Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, Brasil. Clique na imagem para ampliar.

Sergio Oreiro

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mau humor crônico pode ser uma doença

Alguns episódios de mau humor são comuns a todos nós. Afinal, aquele que nunca passou boa parte de seu dia com a sensação de ter uma nuvenzinha negra sobre a cabeça que atire a primeira pedra.

O mau humor pode ser um problema quando é diário e dura longos períodos. Por exemplo, uma pessoa em que essa mal persista por mais de seis meses pode estar sofrendo de uma doença chamada distimia, ou “síndrome do mau humor”.

A distimia é uma forma mais branda de depressão, a qual não é intensa o suficiente para impedir que a pessoa exerça suas atividades cotidianas e profissionais. Seus sintomas incluem, além do mau humor persistente, a desesperança, um aumento ou diminuição do apetite, insônia ou hipersônia, diminuição da libido, desaceleração do raciocínio, isolamento social, etc. A pessoa pode querer sair do trabalho e ir direto para casa, onde se isola de seus familiares e não quer nem atender ao telefone. Mas talvez a pior característica desse mal é que a maior parte dos que dele sofrem não admite de forma alguma que possam estar doentes, o que retarda o tratamento e prolonga o sofrimento.

O tratamento é o mesmo que o indicado para a depressão: psicoterapia e, se for o caso, medicação antidepressiva. A resposta ao tratamento geralmente é boa e, ao cabo de algumas semanas, os familiares e colegas de trabalho do paciente podem perceber uma verdadeira transformação, para melhor, no humor e na sociabilidade do paciente.

Portanto, de agora em diante, se você tem um primo jovem e ranzinza ou um colega de trabalho que não cumprimenta ninguém, não faça pré-julgamentos. Lembre-se de que eles podem estar doentes, e de que existe sempre a perspectiva de que, algum dia, eles aceitem se submeter ao tratamento, o qual vai melhorar significativamente a imagem que você tem deles.

Sérgio

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Encontro com Carlos Drummond de Andrade

Lembro-me muito bem de quando li este soneto do Drummond pela primeira vez. Ele constava de um livro de português da segunda série do antigo 2º grau, livro esse do qual não me recordo de forma alguma. Foi-se o livro, ficou o soneto na memória.

Assim que a professora leu o soneto em classe e depois passou exercícios para que nós, os alunos, o interpretássemos, passei a pensar em meu pai, que na época – o ano era 1978 – ainda trabalhava e gozava de plena saúde. Obviamente, meu pai não era arquiteto nem fazendeiro, mas tinha um comportamento espartano em relação ao seu trabalho e era um homem extremamente honesto. Nesse caso, ele tinha a disciplina necessária para ser um bom fazendeiro, se quisesse exercer esta profissão.

Este soneto ficou gravado em minha memória e eu era capaz de recitá-lo de cor, por anos a fio, até o dia de hoje, em que me deparei com o mesmo, por acaso, folheando uma coletânea de poemas do Drummond. Então, resolvi publicar o poema no Ciências e Poemas, em memória de meu saudoso pai, que espero estar numa boa esfera espiritual, se é que há mesmo vida após a morte. Mas não quero entrar em searas esotéricas agora – quero apenas apreciar a beleza dos versos de um dos maiores poetas de nosso idioma.

Encontro

Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho.
Se a noite me atribui poder de fuga,
sinto logo meu pai e nele ponho
o olhar, lendo-lhe a face ruga a ruga.

Está morto, que importa? Inda madruga
e seu rosto, nem triste nem risonho,
é o rosto antigo, o mesmo. E não enxuga
suor algum, na calma de meu sonho.

Ó meu pai arquiteto e fazendeiro!
Faz casas de silêncio, e suas roças
de cinza estão maduras, orvalhadas

por um rio que corre o tempo inteiro
e corre além do tempo, enquanto as nossas
murcham num sopro fontes represadas.

(Carlos Drummond de Andrade. Reunião. 10 livros de poesia. Rio: José Olympio, 1971. p. 193)

Sérgio

Como vencer o cansaço matinal

Há muitas pessoas que têm dificuldades de despertar pela manhã. Elas regulam o despertador para determinado horário e este toca seguidamente, até que tais pessoas conseguem, literalmente, pular da cama. Esse problema pode ter múltiplas causas e muitas vezes a solução é mais simples do que parece.

Para aqueles que pensam, quando o despertador toca: “puxa, já chegou a hora? parece que eu acabei de me deitar!”, a resposta pode estar no biorritmo. Se é possível vencer a preguiça, levantar-se, tomar o café da manhã e fazer a higiene matinal, e ao longo desse tempo o mau humor e o cansaço vão desaparecendo, não há motivo para preocupações. Essa pessoa pode simplesmente não ser do tipo “matinal”.

Entretanto, se o mau humor é excessivo e o cansaço persiste ao longo da manhã e talvez do dia inteiro, então pode ser que seja necessário fazer alguns ajustes na rotina diária e até se consultar com um médico. Muitas doenças e disfunções diferentes podem causar esse tipo de sintoma, das mais brandas, como a carência de certas vitaminas e minerais, até as mais severas, como a tão temida depressão, doença que tem se tornado cada vez mais comum para os habitantes das grandes cidades e que tem seus sintomas agravados logo ao despertar.

Em primeiro lugar, reveja toda a sua rotina diária. É importante saber seu grau de stress no dia-a-dia, se você gosta ou não do seu trabalho, se você reserva tempo suficiente para um café da manhã nutritivo e reforçado com frutas, cereais integrais, leite e derivados, etc. O almoço também deve ser repleto de alimentos nutritivos e precisa ser transformado num instante de relaxamento. Procure ingerir muitas verduras de cor verde-escura, que são ricas em ferro, magnésio e vitaminas do complexo B, nutrientes necessários para que o corpo e a mente possam funcionar adequadamente. O melhor de tudo é substituir as três refeições tradicionais por seis refeições menores e espaçadas de três a quatro horas. Assim, o organismo terá um suprimento constante de “combustível” e com certeza você funcionará melhor. Na dúvida, consulte um nutricionista ou um nutrólogo, que é um médico especializado em nutrição.

Não cometa dois erros comuns, que é abusar do açúcar e do café. Um pedaço de doce ingerido entre as refeições causa um pico de insulina que cai rapidamente, intensificando a sensação de falta de energia. Já o café, segundo muitas pesquisas, em quantidades moderadas e que variam de pessoa para pessoa, pode estimular a mente e o metabolismo e, assim, ser um aliado no combate ao cansaço matinal e até do mau humor. Em excesso, o café provoca nervosismo, insônia, ansiedade, taquicardia e dificuldades de se concentrar em um só assunto. Além disso, o excesso de café dificulta a absorção de nutrientes importantes (como por exemplo o cálcio) e faz com que os mesmos sejam eliminados mais rapidamente pelo organismo.

Os exercícios físicos, principalmente os aeróbicos como caminhar rápido, correr, pedalar, etc, podem dar uma injeção de ânimo se feitos de manhã bem cedo, antes das aulas ou do trabalho. Talvez você esteja precisando de fitness. Caso você opte por realizá-los à tardinha ou à noitinha, no final do expediente, esteja certo de que eles lhe proporcionarão um sono de melhor qualidade e, consequentemente, um despertar mais agradável. Não se exercite pouco antes de ir para a cama, pois o efeito pode ser o inverso. Mas atenção: se você já é de meia idade ou mais velho e está sedentário há muito tempo, não saia correndo por aí sem uma avaliação física completa feita por clínicos gerais e cardiologistas.

Se você conseguir fazer com que esses dois importantes fatores, os exercícios físicos e a alimentação, funcionem a seu favor, muito provavelmente você despertará mais energizado e disposto a enfrentar sua rotina diária adequadamente. Caso você se alimente e se exercite bem e continue despertando cansado e de mau humor, eu o aconselho a procurar auxílio médico, para verificar se não tem alguma disfunção ou doença que possa estar causando o problema. Não tenha pressa, seja paciente no sentido fiel da palavra, ouça as opiniões de diferentes especialistas e siga seus conselhos. Verifique tudo, da ingestão de alimentos à eficiência do sono. Afinal, trata-se da sua qualidade de vida!

Sérgio Oreiro

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Como se proteger do excesso de radicais livres

Os radicais livres são moléculas ionizadas com existência independente, que se formam como produto normal do nosso metabolismo. Estima-se que cerca de 2 a 5% de todo o oxigênio que respiramos em 24 horas converte-se em radicais livres, os quais também beneficiam o corpo, quando em quantidades moderadas. Entre seus benefícios, eles prestam auxílio ao nosso sistema imunológico, combatendo diretamente as bactérias e vírus presentes no nosso organismo. O nosso metabolismo produz inúmeras substâncias para neutralizar o excesso de radicais livres, pois, quando passamos a produzi-los em excesso, eles danificam as células saudáveis e, com isso, aumentam o risco para o desenvolvimento de doenças crônicas como arterosclerose, hipertensão, diabetes, doença cardiovascular, cataratas, mal de alzheimer, câncer, desordens neurológicas (por ex.: mal de Parkinson), artrite e envelhecimento precoce, entre outros males. Segue abaixo um resumo das condições que podem fazer com que nosso corpo produza um excesso de radicais livres:


Exercícios Excessivos

Quando nos exercitamos com moderação, o número de radicais livres eleva-se somente um pouco no organismo. Em contraste, quando nos exercitamos demais, a quantidade de radicais livres aumenta exponecialmente, podendo atingir níveis perigosos para nossa saúde.

O Dr. Kenneth Cooper encerra o seu livro “A Revolução Oxidante” (1994) alertando seus leitores de que exercícios excessivos podem, na verdade, ser nocivos à saúde, especialmente se os praticarmos por anos a fio. O Dr. Cooper recomenda a todos um programa moderado de exercícios, mas também sugere a ingestão de antioxidantes como vitaminas C, E e Betacaroteno, na forma de suplementação. Deixemos os exercícios desgastantes para os atletas profissionais, que hoje em dia contam com acompanhamento médico constante e consomem quantidades significativas de suplementos antioxidantes.

Estresse Excessivo

O estresse emocional severo, por si só, aumenta muito a produção de radicais livres pelo organismo. É por esse motivo que muitas pessoas adoecem quando são submetidas a grande pressão emocional. Nesses casos, é preciso tomar alguma medida para reduzir o stress, como a meditação e os exercícios suaves em contato com a natureza, medidas essas nem sempre fáceis de serem seguidas pelos moradores das megacidades modernas.

Poluição do Ar

A poluição do ar causa um grande aumento na produção de radicais livres pelo corpo. Os efeitos da poluição do ar sobre a saúde têm suscitado considerável preocupação. O ar poluído das grandes cidades contém ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e diversas moléculas hidrocarbonadas, as quais, quando inaladas em excesso, geram uma grande quantidade de radicais livres. O Dr. Cooper, no livro acima citado, recomenda, no caso de ser absolutamente necessário fazer o exercício aeróbico numa via muito movimentada, procurar manter uma distância mínima de 2 m dos veículos automotores.

Tabagismo


Provavelmente, o maior responsável pelo estresse oxidativo em nossos corpos é a inalação da fumaça de cigarros. As conseqüências negativas do fumo para a saúde são conhecidas há décadas, mas é importante estar consciente da gravidade do estresse oxidativo que o fumo produz em nosso corpo. O organismo de um fumante consome aproximadamente 25 mg de vitamina C a cada cigarro (http://www.bioequilibrium.com.br/detalhes_vocesabia.php?id=3). Se a pessoa fumar uma maço de cigarros por dia, estará eliminando 500 mg desta vitamina diariamente. A vitamina C é muito importante no combate de radicais livres, na síntese de hormônios, ou mesmo para estimular nosso sistema de defesa. Hoje em dia, há um consenso entre profissionais de diferentes áreas da medicina de que o pior hábito que se pode ter é o de fumar. Felizmente, as leis coercitivas a esse hábito, cada vez mais severas, causaram uma diminuição na porcentagem de fumantes na população brasileira, de cerca de 35% no início da década de 90 para 16% atualmente, conforme noticiou o “Jornal da Band” de 16/02/2011.

Poluição da Comida e da Água

Calcula-se que, desde meados do século passado, mais de 60 mil novas substâncias químicas foram introduzidas em nosso meio ambiente. Calcula-se que, a cada ano, cerca de mil novas substâncias nocivas são introduzidas em nosso meio, como, por exemplo, os pesticidas usados na produção de maior parte de nossos alimentos. Estudos científicos cada vez mais acurados demonstram que todas essas substâncias químicas geram aumento do estresse oxidativo ao serem consumidas, além de envenenarem nosso corpo, lenta e progressivamente. Algumas são mais perigosas do que outras, mas todas apresentam riscos potenciais à saúde. Essas substâncias permitem que o agronegócio produza o mais abundante suprimento de comida jamais visto, necessário para alimentar uma população mundial que já passa dos sete bilhões de habitantes. Ou seja, a humanidade cresce em números proporcionais à quantidade de insumos prejudiciais que são necessários para manter uma crescente atividade agropecuária capaz de alimentá-la.

Luz Ultravioleta

A luz ultravioleta produz um aumento dos radicais livres na pele das pessoas, conforme já é conhecido há muito pelos cientistas. O excesso de radicais livres danifica o DNA das células da pele, o que é a causa mais comum de câncer de pele. Felizmente, há atualmente no mercado uma grande variedade de filtros solares que oferecem proteção contra raios tanto UVA como UVB. O uso de tais protetores é imprescindível para aqueles que necessitam se expor aos raios solares, seja por recreação, seja por exigência de suas atividades profissionais. Os olhos também devem ser devidamente protegidos com óculos escuros de boa qualidade, pois neles o excesso de radicais livres é a principal causa de catarata.

Medicamentos


A maioria dos medicamentos causa um aumento dos radicais livres no corpo. Os mais nocivos, nesse caso, são as drogas quimioterápicas que funcionam causando danos por estresse oxidativo às células cancerosas, o que as mata, cobrando um alto preço de seus usuários em termos de efeitos colaterais adversos, pois tais drogas também afetam as células normais . Felizmente, o avanço no conhecimento da farmacologia têm resultado na descoberta de novos quimioterápicos mais eficientes e com menos efeitos colaterais. Embora todas as drogas tenham sido testadas para comprovar-se que oferecem algum benefício, todas contém um risco inerente. Reações adversas e graves às drogas são a quarta causa de morte nos países desenvolvidos. Infelizmente, medicamentos devidamente receitados e administrados são responsáveis por mais de 100 mil mortes e 2 milhões de internações todos os anos nos Estados Unidos. Grande parte do risco inerente aos medicamentos se deve aos radicais livres que eles produzem no organismo humano.

Em síntese, os radicais livres são moléculas ionizadas produzidas pelo metabolismo aeróbico normal de nosso organismo. Nós devemos estar atentos aos fatores que causam um aumento na produção dos mesmos, pois o excesso de radicais livres é muito prejudicial à nossa saúde.

Para saber mais, consultem o livro “O que o seu Médico não sabe sobre Medicina Nutricional pode estar Matando Você”, de Ray D. Strand – Editora M.Books, 2004, de onde retirei e adaptei os tópicos do texto acima.

Sérgio

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fórum de debates: desastres na Região Serrana



Atenção interessados na prevenção de desastres naturais:

Hoje e amanhã, às h, será realizado na sede da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (SEAERJ) o fórum de debates “Desastres na Região Serrana”.

O evento tem como objetivo principal analisar medidas para prevenir ou ao menos minimizar catástrofes como a que ocorreu recentemente na Região Serrana do Rio de Janeiro. Haverá a participação de representantes do Governo Federal, universidades, órgãos públicos e entidades de classe, neste evento que é uma realização conjunta do SEAERJ, Clube de Engenharia, SENGE e CREA-RJ. Para maiores informações, consultar http://www.eng.uerj.br/noticias/1297302539.

    Sérgio Oreiro

Como se proteger de propagandas indesejáveis na internet

Os internautas devem ficar atentos ao conteúdo de blogs, fóruns e outra páginas da web com aparência inocente e que propagam efeitos benéficos de alimentos, medicamentos, dietas e de muitos outros produtos. É que existe o chamado markerting viral. Não é marketing bacterial, é viral mesmo.

É aquela propaganda mais ou menos insidiosa que se faz através de mensagens, blogs e comentários em blogs. Ela usa redes sociais existentes tais como Twitter, Orkut e Facebook.

Um dos primeiros casos de marketing viral é o do Yahoo. Toda mensagem enviada a partir dos seus servidores vêm com a marca Yahoo! e cada pessoa que a recebe toma conhecimento da existência da empresa.
A diferença é que a frase contendo propaganda do Yahoo é reconhecida como tal, como propaganda, não havendo aí problema ético.

Entretanto, em muitos casos, profissionais são contratados para falar bem de determinado produto e ficam à espreita de fóruns e de blogs nos quais podem postar comentários favoráveis. Também podem criar blogs e fóruns e, sem se identificar como agentes de propaganda da empresa, escrevem comentários elogiosos a ela ou a seus produtos.

Nesses casos, espera-se que internautas passem os comentários adiante, que divulguem os URL e, se for o caso, que adicionem o chavão “tá na Internet”. Para muitos, se a informação estiver na Internet então ela deve ser tomada como verdadeira.
O mesmo acontecia quando informações eram divulgadas principalmente através de livros e jornais, período de predomínio da mídia impressa. Se saiu no jornal, então é verdadeiro. Se está impresso em livro, então é verdadeiro.

Mais tarde, vieram as emissões de rádio e de televisão e o atestado de verdade ou de autoridade fidedigna passou para essas emissoras. Se saiu na televisão, no Telejornal X, então a informação procede. É verdadeira.

Nada mais falso. Ontem e hoje.

Mas isso não significa pender para o lado oposto e tomar como falso e mentiroso tudo o que se encontra na Internet, tudo o que sai na TV e em outros meios de comunicação.

Como saber o que é falso ou verdadeiro?

Não há respostas fáceis para esta pergunta, mas a chave é usar a velha e boa leitura crítica. Usem o bom senso, analisem as informações recebidas, sua origem, o seu conteúdo. Confrontem com outras fontes, procurem identificar a possibilidade de ocorrência de distorções produzidas intencionalmente.

   Sérgio Oreiro

A aposentadoria de Ronaldo Fenômeno

Todo mundo que está acima do peso têm as mesmas queixas: preguiça, excesso de calor (principalmente  nesta fase do verão brasileiro, em geral, e carioca, em particular), dores no joelhos, etc. Isso fora as considerações de ordem estética e os apelidos indesejáveis: “rolha de poço”, “botijão de gás”, etc. e as múltiplas conseqüências nefastas para a saúde geral originadas da obesidade.

A princípio, a causa do excesso de peso é simples: comer mais calorias do que se consome. Numa pessoa saudável, essa é uma regra que funciona bem. Quem estiver acima do peso ideal e for a um nutrólogo ou nutricionista verá que, logo de início, ele tentará passar uma dieta alimentar (não confundir com dieta para emagrecer) que tentará equilibrar os dois fatores acima mencionados.

Se o nutrólogo for um bom profissional, ele vai pedir uma série de exames para ver se a pessoa tem alguma doença que possa estar causando o sobrepeso. Não é objetivo nem especialidade deste modesto blogueiro listar todas as disfunções que podem levar à obesidade. Isso pode ser descoberto facilmente digitando-se as palavras certas no Google.

Ronaldo disse que teve seu hipotireoidismo diagnosticado quando ele ainda jogava no Milan. Esta doença, que pode ter muitas causas e quase sempre é de origem genética, ocorre quando a glândula tireóide produz uma quantidade insuficiente do hormônio tireoidiano; isso diminui o metabolismo basal e, consequentemente, leva ao aumento de peso, que é um dos sintomas da doença.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM: http://www.endocrino.org.br/), o tratamento é feito com a ingestão diária da substância levotiroxina sódica, na quantidade prescrita pelo médico. Trata-se de uma reposição hormonal simples e barata, pois o medicamento custa em média R$ e seu uso por atletas não constitui dopping.

Na minha opinião, Ronaldo, que começou bem no Corinthians mas depois sofreu muitas lesões, resolveu parar não por causa do hipotireoidismo, mas porque, aos 34 anos, já acumulou um patrimônio considerável e ainda está no auge da carreira. Se algum leitor quiser comentar essa opinião, por favor sinta-se à vontade.

Seja lá qual foi o motivo real que motivou a aposentadoria um tanto precoce de Ronaldo (sim, porque 34 anos para um jogador de futebol, hoje em dia, não é uma idade muito “avançada”), ela me surpreendeu, porque dias atrás, quando houve o ataque da torcida ao ônibus que conduzia o time após uma derrota, Ronaldo havia escrito em seu Twitter algo como “não darei aos meus detratores o gostinho de minha aposentadoria precoce”, como escrevi aqui no Ciências e Poemas (http://cienciasepoemas.blogspot.com/2011/02/os-astros-do-corinthians-e-augusto-dos.html). Tomara que ele possa superar esse momento triste de sua vida e tocar a bola para frente, com o apoio de seus familiares, amigos e dos torcedores brasileiros que tanto vibramos com os gols fantásticos de Ronaldo Fenômeno.

    Sérgio Oreiro

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Poema de Cruz e Souza

Eu creio em Deus mas não sigo nenhuma religião. Navegando na web, chamou-me a atenção um site que trazia um belo poema que o poeta simbolista brasileiro Cruz e Souza teria escrito após sua morte. Tal poema, "psicografado", consta da obra intitulada "Parnaso de Além-Túmulo", uma antologia de poemas cuja autoria é atribuída a poetas mortos.

Tal livro constitui-se na primeira obra psicografada pelo então jovem médium brasileiro Francisco Cândido Xavier, e foi lançada em julho de 1932 pela Federação Espírita Brasileira.

Não tenho condições de discernir se o poema foi ou não escrito por Cruz e Souza. Caso positivo, ele deve ter tido um grande alívio, após sua morte, de todos os sofrimentos que amargou nesse mundo. Ao contrário da maioria de seus poemas, carregados de depressão e ressentimento pungentes, o que aqui reproduzo é leve, otimista e traz uma mensagem de alegria e bem estar. Que assim seja!



Beleza da morte




Há no estertor da morte uma beleza

Transcendente, ignota, luminosa.

Beleza sossegada e silenciosa,

Da Luz branca da Paz, trêmula e acesa.



É o augusto momento em que a alma, presa

Às cadeias da carne tenebrosa,

Abandona a prisão, dorida e ansiosa,

Sentindo a vida de outra natureza.



Um mistério divino há nesse instante,

No qual o corpo morre e a alma vibrante

Foge da noite das melancolias!



No silêncio de cada moribundo,

Há a promessa de vida em outro mundo,

Na mais sagrada das hierarquias.



Cruz e Souza



Fonte do poema: http://casadapaz.zip.net/

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Já estamos numa mini era glacial

O fenômeno é bem conhecido por cientistas sérios e de renome. Ele praticamente não é divulgado na mídia comercial porque vai contra o paradigma do “aquecimento global” – quem escreve contra o mesmo é acusado de estar recebendo dinheiro das multinacionais petroleiras.


Segundo o perquisador Victor Manuel Velasco, do Instituto de Geofísica da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), a Terra ingressou numa mini-era de gelo que poderá durar entre 60 e 80 anos e diminuirá a temperatura média global em 0,2º C. O pesquisador relacionou esse fenômeno a uma diminuição da atividade solar que vem sendo registrada há anos. Velasco tem estudado os ciclos glaciais e interglaciais da Terra e a variação da atividade solar. Os resultados resultaram numa teoria que poderá quantificar a diminuição da atividade solar e seu impacto na Terra, uma vez que, como é sobejamente conhecido, as mudanças climáticas dependem principalmente de duas variáveis: a intensidade da atividade solar (principal fonte de calor para a Terra) e as variações orbitais de nosso planeta. Para o cientista, a diminuição da temperatura global é devida a um ciclo natural já verificado em outros séculos com lapsos de aproximadamente 120 anos e que dependem dos dois fatores listados acima.

Por exemplo, no século VI houve um mínimo de atividade solar conhecida como "mínimo medieval". Posteriormente veio o "período quente medieval", seguido de mais uma mini era de gelo no Antigo Regime – que ocasionou uma crise alimentar na Europa que conduziu à Revolução Francesa. Essa mini era do gelo foi seguida de um novo período quente que se prolongou até o fim do século XX.Já em 2010/2011 partes do planeta entraram nessa "mini" era de gelo e "as intensas tempestades de neve que estão acontecendo no hemisfério Norte são mostra disso", acrescentou Victor Velasco.Agora, o fracasso da conferência de Copenhague (que já era esperado por muitos), o desvendamento em série de fraudes científicas praticadas pelo IPCC e evidenciadas no "Climagate", tornaram mais fácil que informações importantes como a que consta nesta nota cheguem ao público mundial através da grande mídia comercial."

Para ler mais, consultar o site
http://www.midiasemmascara.org/artigos/ambientalismo/11082-terra-entrou-em-mini-era-glacial-diz-relatorio.html

Sérgio

Ciência e poema

Esse poema é o único que eu escrevi que foi publicado. Eu escolhi o nome do blog inspirado nele, porque eu o escrevi (poema) tomando como base a ciência – no caso, um evento meteorológico catastrófico. Espero que vocês gostem.

Ventania

O ar e você deram as mãos
E ventaram na minha vida
Destruíram árvores e postes
Deixando-me sem energia
Depois, o ar e você se foram
Restou-me a saudade no vácuo
O amor pelas mãos que deformam
E o aroma de um silêncio rude
Por sobre o espaço.

Sérgio Oreiro

Poetas Brasileiros de Hoje 1986 – Shogun Editora e Arte LTDA –Rio de Janeiro, RJ

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Rotina de domingo

Hoje confesso que me senti muito cansado ao acordar. Tomei um cafezinho bem passado, cafezinho bom do Sul de Minas, e fiquei mais animado.

Fui à Lagoa (Rodrigo de Freitas) e, logo nos primeiros passos, senti que não poderia manter meu ritmo habitual de caminhada, que é percorrer os 7800 m do perímetro da Lagoa em 63 min.

Não forcei meu organismo. Diminuí um pouco o ritmo, apreciei a natureza, as garças branquinhas, os patinhos negros e a figura imponente do Cristo Redentor do alto de uma escarpa vertical de matas e rocha nua , com 700 m de altitude. Realmente, apesar de ver esta paisagem quase todos os dias, não consigo percebê-la como algo corriqueiro. A visão imponente do Cristo Redentor nas alturas sempre será marcante em minha vida de carioca que ama o Rio e o Sul de Minas.

Terminei a caminhada em 70 min, aproximadamente. Fiz o desaquecimento, tão necessário para que o corpo retorne ao seu estado normal, sentei-me à sombra de um oiti e saboreei, vagarosamente, duas águas de coco. Toda a paisagem da Lagoa se descortinava à minha frente; suas águas refletiam um céu parcialmente nublado, mas o sol já estava bem quente às 9:00 h da manhã.

Agora, que voltei para casa, vim dar uma olhada no Ciências e Poemas e aproveitarei o domingo para descansar com uma leitura leve ou assistindo TV, com o ar ligado que eu também sou filho de Deus!

Sérgio

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Supervulcão de Yellowstone

Com a proximidade do final do Calendário Maia em 2012, surgem a cada dia novas previsões e expectativas de catástrofes que poderão dar cabo da humanidade nesse ano cabalístico. Seguramente, nós e nosso planeta seguiremos nossa jornada, mas não custa nada estar a par de ameaças à estabilidade da vida na Terra que tenham fundamento científico. E uma delas, muito explorada pelos canais de documentários das TVs pagas, é o “supervulcão de Yellowstone”. Pensando nisso, eu elaborei um breve texto sobre essa área tão em voga atualmente.

O Parque Nacional de Yellowstone, localizado próximo ao limite entre os estados de Idaho, Montana e Wyoming, EUA, está situado sobre uma anomalia térmica positiva de grandes proporções, a qual é proveniente da presença de um enorme volume de magma (rocha vulcânica quente e em estado líquido) em subsuperfície. Essa anomalia é a fonte de calor para os numerosos gêiseres e fontes de água quente que fazem do referido parque um dos locais mais turísticos dos Estados Unidos.

De acordo com informações obtidas no site do Serviço Geológico Norte-americano, o USGS, em inglês, (http://pubs.usgs.gov/fs/fs100-03/), no início da década de 70 foi realizada uma reavaliação de levantamentos topográficos prévios, na qual se constatou que a caldeira de Yellowstone sofreu um soerguimento de 72 cm em cerca de 50 anos.

Essa informação tem suscitado especulações a respeito da proximidade de uma nova erupção de proporções gigantescas, uma vez que a região de Yellowstone foi palco de três grandes erupções, ocorridas respectivamente há 2.1, 1.3 milhões de anos e 640.000 anos atrás. Isso dá uma diferença de 800 mil anos entre a antepenúltima e a penúltima erupção e 660 mil anos entre a penúltima e a última erupção. Caso essa ciclicidade seja mantida, Yellowstone pode estar a ponto de se manifestar novamente, o que tem causado essa profusão de documentários na TV paga.

A última erupção lançou cerca de 1000 km3 de rochas vulcânicas na atmosfera e foi responsável pela formação da grande caldeira que ocupa a região central do parque. Há poucas dúvidas de que as variações topográficas mapeadas pelo USGS constituem a manifestação do acúmulo de magma sob a região.

Caso ocorra uma erupção de grande magnitude na região de Yellowstone, uma grande área dos Estados Unidos seria afetada; além disso, poderia haver um longo e intenso “inverno vulcânico” no planeta, com conseqüências catastróficas para a humanidade.

Mas ainda não é caso para pânico. Yellowstone é um supervulcão, sem dúvida, mas nada garante que a ciclicidade das últimas 3 erupções será mantida. Ou seja, o soerguimento de toda a região, que tem sido detectado com medidas extremamente precisas de satélite, certamente é um indício de que a quantidade de rocha fundida tem aumentado sob a área, mas ainda é cedo para saber se esse fenômeno terá continuidade e, ainda, se a quantidade de magma será suficiente para causar uma grande erupção vulcânica.

Sérgio Oreiro, D. Sc.

Ansiedade

A ansiedade extrema é um mal terrível. Faz a gente viver sempre no futuro, antecipando acontecimentos que provavelmente jamais ocorrerão. Às vezes seus sintomas são somente psicológicos, mas há casos agudos em que ocorrem taquicardia, mãos frias, suor abundante, inclusive nas mãos e até no couro cabeludo, etc.

Os sintomas psicológicos da ansiedade mórbida são realmente torturantes. É claro que uma certa dose de ansiedade pode ser normal e até positiva: por exemplo, você tem que proferir uma palestra, e fica ansioso nos instantes que precedem esse "grande momento"; a ansiedade aumenta a produção de adrenalina e - se você não tiver aquele "branco" - poderá começar gaguejando um pouco, mas logo as palavras fluirão de sua boca numa torrente amazônica. Ansiedade em excesso é uma tortura; ansiedade na dose certa pode ser um dos segredos do sucesso.

Se você sentir-se muito ansioso por algumas semanas e isso estiver prejudicando suas atividades normais, é hora de procurar auxílio. Vá a um psiquiatra treinado em psicanálise, pois ele poderá tratá-lo tanto de forma analítica quanto medicamentosa -nesse último caso, se ele perceber que vale a pena atenuar os seus sintomas até a psicoterapia fazer efeito.

Não tenha vergonha de procurar um psiquiatra: ele não é necessariamente um "médico de loucos", mas também atende pessoas normais, como eu e você, quando a intensidade da vida moderna transforma nossa rotina num turbilhão sufocante. Marque uma consulta, tome um medicamento, se o médico achar que é necessário e aproveite a situação para se conhecer um pouco melhor. Todos os grandes mestres da humanidade, de Buda a Cristo, passando por Sócrates, Platão, Ghandi, Freud, Jung e outros foram unânimes em afirmar: "conhece-te a ti mesmo".

Na verdade, eu estou ansioso agora porque marquei para almoçar com meu filho e ele, para variar, está atrasado. Para dissipar a tensão, resolvi escrever esse post. Assim vou descobrindo as vantagens de se ter um blog - uma delas, com certeza, é dissipar a ansiedade! E não é que funcionou direitinho? O interfone está tocando. Felizmente, ele chegou. Que alívio!

Sérgio

Obrigado pela visita!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Neve na cidade de São Paulo?

Há pouco mais de um século, existem relatos de queda de neve na cidade de São Paulo. Segundo consta no livro "A neve no Brasil", escrito por  Nilson Wolff , em 25 de junho de 1918 a temperatura mínima baixou a -3º C, o que ocasionou o fenômeno no centro do município de São Paulo.  A precipitação de neve na Regiao Sudeste pode ocorrer, apesar de ser incomum e de ter sido relatada em poucos locais (principalmente nas partes mais altas da Serra da Mantiqueira, segundo Wolff). Ao longo dos dois últimos séculos, já houve nevadas em algumas cidades de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, localizadas a mais de 1500 metros de altitude. É o caso, por exemplo, de municípios como Itatiaia (nas áreas mais altas do parque nacional homônimo), Monte Verde e Campos do Jordão, ainda segundo Wolff.

     Sérgio

Os Vickings, os Maias e as mudanças climáticas

Leitura crítica crítica do trabalho:

Of  Mayas and Vikings ... and Millennial-Scale Climatic Oscillations. Sherwood, I., Keith, I and Craig, I. CO2 Science, Volume 6, Number 31: 30 July 2003

Quase todo já ouviu falar dos Vikings - de quem os autores deste trabalho (sendo ambos noruegueses), presumem serem descendentes - e como seus destinos foram atrelados à escala de oscilações climáticas milenares que repercutiram em todo o Holoceno ( Bond et al 2001., ; Viau et al 2002., ) e para além do mesmo ( Oppo et al 1998, ; Raymo et al 1998 ).

Com a chegada do Período Medieval Quente na última parte do século X D. C., que foi o mais recente aquecimento deste ciclo climático, os Vikings colonizaram com sucesso uma parte da Groenlândia, até que sua colônia sucumbiu ao frio que chegou com a Pequena Idade do Gelo, que foi o nó mais recente de resfriamento do ciclo climático milenar.

Menos conhecido é o impacto da mudança climática do ciclo análogo na história de outro povo - os Maias da América Central e norte da América do Sul tropical - que foram igualmente influenciados pelo ciclo completo dessas oscilações climáticas em escala milenar, que causaram o Período Quente Romano e a subseqüente Era das Trevas fria, como foi demonstrado pelo trabalho de McDermott et al . (2001) , que elaborou uma detalhada história do clima de todo o Holoceno com o uso de um isótopo de oxigênio de alta resolução, bem datado, obtido de uma estalagmite encontrada em uma caverna no sudoeste da Irlanda.
Esta nova interpretação da história dos Maias foi obtida de Haug et al . (2003), que utilizaram o estudo de Haug et al . (2001) como base para os seus trabalhos mais recentes.

Baseado em um estudo de concentrações de ferro e titânio em um núcleo de sedimentos oceânicos extraídos da Bacia de Cariaco, no platô do Norte da Venezuela, o mais antigo dos dois estudos aqui citados elaborou a história da hidrologia de todo o Holoceno para a Mesoamérica e norte da América do Sul tropical. Então, com base em um estudo mais detalhado do conteúdo de titânio de uma pequena parte deste registro, o mais recente entre tais estudos  resultou num registro hidrológico estendido que resultou, nas palavras dos autores, "numa resolução mensal e clara dos sinais anuais".

Como essa história detalhada das precipitações pluviométricas se relaciona com a história dos Maias? Haug et al . (2003) dizem que o período pré-clássico da Civilização Maia floresceu "antes de cerca de 150 D. C., que, de acordo com a história climática de McDermott et al (2003), corresponde à última parte do Período Quente Romano (RWP), época em que o referido império atingiu seu apogeu. No entanto, durante a transição para a Período Frio da Idade das Trevas (DACP, em inglês), que foi acompanhada por um declínio lento, mas muito acentuado nas precipitações pluviométricas, Haug et al (2003) relatam que "a documentação histórica da primeira crise atingiu as terras baixas, o que levou ao" abandono das construções pré-clássicas das grandes cidades maias(Webster, 2002) . "

Esta crise ocorreu durante uma seca que durou muitos anos e foi intensa e antecedeu a transição entre DACP e o RWP, seca essa que foi centrada arpoximadamente no ano 250 D. C. Embora a seca tenha sido devastadora para os Maias, Haug et al . relatam que quando ela terminou,  as "populações se recuperaram, as cidades foram reocupadas, e cultura maia floresceu nos séculos seguintes, durante o chamado período clássico".

Em última análise, no entanto, chegou um momento crítico, entre cerca de 750 e 950 D C. Haug et al, (2003) . determinaram que tal intervalo foi o mais seco de todo o primeiro milênio D. C., quando eles relatam que "os Maias experimentaram um desastre ", em resposta a uma série de outros períodos de secas anuais intensas. Durante este derradeiro colapso da Civilização Maia, como é chamado, Haug et al (2003) dizem que "muitos dos centros urbanos densamente povoados foram abandonados permanentemente, e Civilização Maia clássica chegou ao fim."
Ao avaliar a importância destas observações diversas ao final de seu trabalho, Haug et al (2003) concluem que, "dada a perspectiva de nossa série temporal, parece que as secas mais graves afetaram esta região no primeiro milênio D. C." Embora algumas dessas secas fossem intensas porém breves,  durando apenas entre três e nove anos, Haug et al . notam "que elas ocorreram durante um período prolongado de reduzidas precipitações globais , o que levou a Civilização Maia à beira do colapso".

Assim, a Civilização Maia desapareceu em algum momento durante a transição do Período Frio da Idade das Trevas para o Período Quente Medieval, quando os Vikings estabeleceram suas colônias na Groenlândia. Então veio a Pequena Idade do Gelo, que rapidamente levou os Vikings a abandonarem aquela região. Mas este período frio, que foi o último na escala climática das oscilações planetárias milenares, também deve ter causado tempos difíceis para o povo da América Central e do Norte América do Sul tropical, pois de acordo com os dados da Haug et al (2001, 2003), a Pequena Idade do Gelo produziu , certamente, o regime de precipitações pluviométricas mais baixas (de vários anos de duração) dos últimos dois milênios naquela parte do mundo.

Há uma série de conclusões que podem ser tiradas dessas várias constatações. Uma delas é que tanto a história humana quanto a climática tendem a se repetir e a interagir de forma muito ativa. Outra é que a escala de oscilação climática milenar, que se manifesta nos períodos glaciais e interglaciares, o faz de forma totalmente independente da concentração atmosférica de CO2. Outra conclusão possível é que os dois “nós” deste ciclo climático, tipicamente o Período Medieval Quente e Pequena Idade do Gelo, são fenômenos verdadeiramente globais, manifestando-se, em algumas partes do mundo, principalmente sob a forma de extremos de temperaturas e em outras partes do mundo principalmente em termos de extremos de umidade. O mais importante de tudo é que todas essas conclusões demonstram claramente não há nada de anormal ou incomum sobre o aquecimento observado no século XX.

Referências:

Bond, G., Kromer, B., Beer, J., Muscheler, R., Evans, M.N., Showers, W., Hoffmann, S., Lotti-Bond, R., Hajdas, I. and Bonani, G. 2001. Persistent solar influence on North Atlantic climate during the Holocene. Science 294: 2130-2136.

Haug, G.H., Gunther, D., Peterson, L.C., Sigman, D.M., Hughen, K.A. and Aeschlimann, B. 2003. Climate and the collapse of Maya civilization. Science 299: 1731-1735.

Haug, G.H., Hughen, K.A., Sigman, D.M., Peterson, L.C. and Rohl, U. 2001. Southward migration of the intertropical convergence zone through the Holocene. Science 293: 1304-1308.

McDermott, F., Mattey, D.P. and Hawkesworth, C. 2001. Centennial-scale Holocene climate variability revealed by a high-resolution speleothem ð18O record from SW Ireland. Science 294: 1328-1331.

Oppo, D.W., McManus, J.F. and Cullen, J.L. 1998. Abrupt climate events 500,000 to 340,000 years ago: Evidence from subpolar North Atlantic sediments. Science 279: 1335-1338.

Raymo, M.E., Ganley, K., Carter, S., Oppo, D.W. and McManus, J. 1998. Millennial-scale climate instability during the early Pleistocene epoch. Nature 392: 699-702.

Viau, A.E., Gajewski, K., Fines, P., Atkinson, D.E. and Sawada, M.C. 2002. Widespread evidence of 1500 yr climate variability in North America during the past 14,000 yr. Geology 30: 455-458.

Webster, D. 2002. The Fall of the Ancient Maya. Thames and Hudson, London, UK.
Leitura crítica feita por Sérgio Goulart Oreiro, D. Sc.

Obrigado pela visita!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Liberdade - Fernando Pessoa

Como hoje meu trabalho rendeu bastante e estou feliz, presenteio meus leitores com um belíssimo poema de Fernando Pessoa, que me foi passado por um colega de trabalho, um português de setenta anos com fôlego de vinte. Assim todos nós começamos a noite muito bem.

Este poema, segundo o meu amigo,  foi escrito para ironizar o ditador português Salazar, que governou Portugal com mão de ferro entre 1932 e 1968; Salazar se orgulhava de ser um homem muito culto, possuidor de uma enorme biblioteca, que era por ele (e segundo ele) muito utilizada....

Liberdade


Ai que prazer

Não cumprir um dever,

Ter um livro para ler

E não o fazer!

Ler é maçada,

Estudar é nada.

O sol doura

Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,

Sem edição original.

E a brisa, essa,

De tão naturalmente matinal,

Como tem tempo não tem pressa.



Livros são papéis pintados com tinta.

Estudar é uma coisa em que está indistinta

A distinção entre nada e coisa nenhuma.



Quanto é melhor, quando há bruma,

Esperar por D. Sebastião,

Quer venha ou não!



Grande é a poesia, a bondade e as danças...

Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol que peca

Só quando, em vez de criar, seca.



E mais do que isto

É Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças

Nem consta que tivesse biblioteca...



Fernando Pessoa
Obrigado pela visita!

Como recomecei na Blogsfera eliminando erros antigos

Tomei uma resolução definitiva: excluí meu blog antigo do blogspot –se é que pode ser chamado de antigo um blog criado em meados de novembro passado – e criei um novo. Meu blog antigo tinha cerca de 6000 acessos, estava todo “arrumadinho”, mas tinha muitos artigos que apresentavam conteúdo duplicado.

Aqui, eu faço uma mea culpa. Na ânsia de postar várias vezes por dia, eu muitas vezes cheguei a copiar artigos inteiros de sites (dando o devido crédito), sem estar atento, por inexperiência, à possibilidade de penalização por parte do Google pelo conteúdo duplicado. E vejam que eu não estava visando ter ganhos financeiros com meu blog!

Consultei alguns amigos advogados e o Código Penal e vi que nada do que publiquei poderia legalmente ser enquadrado como plágio. Cheguei inclusive a me comunicar com alguns dos sites dos quais eu reproduzi o conteúdo, e todos responderam que o material poderia ser reproduzido desde que citada a fonte. Ou seja, se nesse período tive alguma noite de insônia, não foi por causa disso. Mas o conteúdo duplicado estava me perturbando, mesmo porque eu li uma notícia no Ocioso que dizia que as 6 mil contratações do Google eram justamente para melhor combater essa prática e tornar a internet mais “limpa” – iniciativa com a qual concordo.

Não entendo nada de SEO. Aprendi um pouco frequentando os fóruns de ajuda do Blogger, cheguei a postar duas perguntas, que aliás não foram respondidas, e concluí que valia a pena mesmo era recomeçar com outro blog e outra conta do Gmail, já que não tenho aspirações de ter ganhos financeiros na internet. Mas aí eu descobri que o Blogger mantém o blog excluído disponível por 90 dias para casos de arrependimento. Ou seja, já meio tarde da noite, me bateu uma paranóia de que se eu republicasse no novo blog alguns dos meus artigos salvos pelo back up, o Google poderia acusar conteúdo duplicado. Com efeito, digitando trechos da postagem no buscador do referido site, aparecia o link do blog antigo com o trecho digitado; ao clicar nesse link, aparecia a mensagem de que o blog havia sido removido...mas o conteúdo estava lá, no Google!

Depois de gastar quase duas horas pesquisando no fórum de ajuda do Blogger, sem sucesso, resolvi restaurar o blog antigo, deletar manualmente uma a uma as minhas postagens, e depois excluir o blog novamente. Após fazer isso, não havia mais registro de postagens minhas neste blog, apenas as que eu havia publicado em sites divulgadores de conteúdo. Será que agora poderei prosseguir com meu novo blog em paz, publicando somente conteúdo original? Eu apreciaria se alguns dos leitores desta postagem fizessem algum comentário relatando situações parecidas.

Sérgio

Onde traçar a linha que separa a sanidade da loucura?

Certa vez, um indivíduo de aparência normal chegou a um hospital psiquiátrico norte-americano e esperou pacientemente para se consultar. Quando finalmente entrou no consultório do médico, este lhe perguntou: “o que o traz aqui, meu caro?” Ele alegou escutar repetidamente vozes que lhe diziam as palavras "oco" "vazio" e o som "tum-tum". Fora isto, comportou-se de maneira tranquila e respondeu a perguntas sobre sua vida e seus relacionamentos de forma sincera e lúcida.

Outros oito voluntários sadios fizeram a mesma coisa, cada um deles em um hospital diferente. Dos nove, oito foram diagnosticados com esquizofrenia e devidamente internados para tratamento.Assim que foram admitidos, os “pacientes” passaram a agir normalmente. Observavam a tudo e a todos e faziam anotações em suas cadernetas. No começo, as anotações eram feitas muito discretamente, mas logo eles perceberam que podiam fazê-lo na frente de todos. Médicos e enfermeiros dedicavam muito pouco do seu tempo aos pacientes e raramente respondiam até às perguntas mais simples dos mesmos.

Apesar de seus óbvios sinais de sanidade, nenhum de nossos heróis foi desmascarado. Quem duvidava da “loucura” dos novos colegas, por incrível que pareça, eram os demais internos. "Você não é louco. “Você deve ser um jornalista ou um pesquisador analisando o hospital”, disseram diversas vezes. Os pacientes estavam certos. Nosso “indivíduo de aparência normal” do início deste texto era David Rosenhan, e o estudo que ele e seus colegas fizeram resultou no artigo On Being Sane in Insane Places ("Sobre Ser São em Locais Insanos"), publicado na conceituada revista Science, em janeiro de 1973. Hoje, ele é professor emérito das Faculdades de Psicologia e Direito da Universidade de Stanford.

Nesse estudo, os “pacientes” permaneceram nos hospitais por períodos que variaram de 1 a 7 semanas. Foram devidamente medicados e, como quase todos os pacientes regulares, eles escondiam as pílulas sob a língua e as jogavam fora quando já não estavam mais na presença dos enfermeiros. Ao cabo de um período que variou de 7 a 53 dias, todos os oito tiveram alta com o diagnóstico de "esquizofrenia em remissão", expressão que, no jargão psiquiátrico, significa que o paciente está livre dos sintomas.Já de volta à sua identidade real, os pesquisadores requisitaram os arquivos sobre suas estadas nos hospitais. Em nenhum dos documentos havia qualquer menção à desconfiança de que estivessem mentindo ou que aparentassem não ser esquizofrênicos.

A conclusão que David Rosenhan escreveu em seu trabalho abalou os alicerces da psiquiatria americana dos anos 70: “torna-se evidente que não podemos distinguir a sanidade da loucura em hospitais psiquiátricos. O próprio hospital impõe um ambiente especial no qual o significado do comportamento pode facilmente ser mal interpretado. As consequências para os pacientes internados em um ambiente como esse - a impotência, a despersonalização, a segregação, a mortificação e a auto-rotulação - parecem, sem dúvida, anti-terapêuticas”.Cada um dos leitores deste blog pode agora se perguntar: “se existe uma linha que definitivamente separa a lucidez da loucura, onde eu me posiciono em relação a ela”?

Sérgio Goulart Oreiro, D. Sc.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Nós não causamos o aquecimento global

Muito alarde tem sido feito na mídia mundial a respeito do aquecimento global originado das atividades humanas, no qual o dióxido de carbono, CO2, é apontado como principal responsável pela retenção de energia térmica no planeta Terra; contudo, poucas vezes lemos análises quantitativas e qualitativas com relação aos gases que compõe a atmosfera terrestre.

A composição química de nossa atmosfera, até 80 km de altitude, é a seguinte: nitrogênio 78,0084%, oxigênio 20,9460%, gás Argônio 0,9340% e 0,036% de outros gases (hélio, criptônio, xenônio, CO2, metano, etc). A fração de gás carbônico na atmosfera é comparativamente ínfima, porém muito importante, de modo que vale a pena citarmos que ele representa cerca de 0,005% doa ar que respiramos. Devido à sua diminuta presença no ar, a unidade de medida usada pelos cientistas para medir o gás carbônico na atmosfera é o PPM, ou seja, partes por milhão. Nessa escala, o CO2 representa 5x10 PPM da atmosfera terrestre, ou seja, de cada um milhão de litros de ar, aproximadamente 50 litros são CO2. Para fins de comparação, 780 mil litros são de nitrogênio, 210 mil litros de oxigênio, 10 mil litros de argônio e 310 litros de outros gases, acima citados.

É digno de nota que a natureza libera 150 gigatons de CO2 na atmosfera (erupções vulcânicas, por exemplo) enquanto as atividades humanas liberam apenas 7 Gigatons, o que revela a relativa insignificância das atividades antropogênicas na liberação deste gás do efeito estufa.

Em termos qualitativos, o CO2 representa a base de todos os açúcares, pois é a partir da união de uma molécula de água à uma molécula de CO2, através da fotossíntese, que as plantas sintetizam a glicose, o mais simples dos açucares, o qual é a base de todos os açucares mais complexos como a sacarose e o amido, utilizados como combustíveis em nossas células.
Em síntese, podemos dizer que a água representa para a química inorgânica o mesmo papel fundamental que o CO2 representa para a química orgânica.

Portanto, da próxima vez que vocês ouvirem que uma molécula fundamental à vida animal e vegetal, a qual constitui apenas 0,005% da nossa atmosfera está causando o aquecimento global, sugiro que vocês questionem quem tem a ganhar e quem tem a perder com a tal teoria do aquecimento global produzido pelas atividades humanas. O recado já está dado. Agora, eu gostaria de ouvir a opinião de vocês!

Os astros do Corinthians e Augusto dos Anjos

Vi no telejornal, há alguns dias atrás, cenas que me lembraram um poema de Augusto dos Anjos. Que motivação fez com que centenas de homens, de todos os tamanhos, cores e idades, atacassem o ônibus que levava os jogadores do Corinthians, a ponto de provocarem uma batalha campal com a PM? Foram pedradas, balas de borracha, cassetetes, correria, tudo isso debaixo de uma linda tarde de sol.

Assim começa mais uma de minhas reflexões: esses caras não namoram, não curtem uma piscina, um passeio até o litoral? Será que, como no poema de Augusto dos Anjos, eles estão esperando o time voltar a vencer para tentarem trocar abraços, beijos e carícias com os astros do Corinthians? A que ponto o fanatismo faz com que as atitudes destes torcedores varie de acordo com o desempenho do time? Consta que Ronaldo Fenômeno escreveu em seu twitteer: “não vou dar a eles o gostinho de minha aposentadoria precoce”. Talvez Ronaldo e seus companheiros devessem ler Augusto dos Anjos....Será que um dia eles darão uma passadinha no Ciências e Poemas para ler este blogueiro, quando ele reproduz os versos do poeta da sinceridade cortante? Melhor seria se fosse num dia de vitória, de estádio lotado, de fãs pressionando o cordão de isolamento... Vamos lá:

                                 Versos Íntimos

Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera - 

Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Já escolhi o poema para descrever a cena, agora falta a ciência apropriada para classificá-la!

Fonte: “Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", organizado por Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 610.